O desenho "Acorde", uma obra em carvão sobre papel, insere-se no contexto de uma produção artística que busca a profundidade expressiva e a ressonância conceitual através da economia de meios. A escolha do carvão, material ancestral e visceral, confere à obra uma qualidade crua e imediata, ecoando linguagens que flertam com o Expressionismo e, por sua estilização formal, com o Cubismo.
O título, "Acorde", revela uma duplicidade semântica fundamental: pode aludir ao ato de despertar, de transitar do inconsciente para a consciência, ou à harmonia musical, a consonância de elementos que se unem para formar um todo significativo. Essa polissemia convida o espectador a uma experiência interpretativa rica e multifacetada, posicionando "Acorde" como uma peça de profunda provocação intelectual e estética, um ativo cultural de notável singularidade.
"Acorde" apresenta uma figura humana delineada com traços vigorosos e angulares, em uma pose encurvada que evoca tanto um recolhimento fetal quanto uma súbita contorção. A composição é intrinsecamente dinâmica, preenchendo o espaço com uma tensão latente e um movimento interno iminente. O rosto da figura, geometricamente estilizado e fragmentado, ostenta olhos que parecem fechados ou voltados para dentro, sugerindo um estado liminar entre o sono e a vigília, ou uma profunda introspecção. Um elemento central, um "sol" ou "estrela" que irradia do quadril ou da base da coluna, funciona como um epicentro de energia, um ponto de ignição para a consciência ou a harmonia. A obra é, essencialmente, uma exploração da metamorfose interior, da epifania e da busca por alinhamento, convidando o observador a projetar suas próprias experiências de clareza e revelação.
Dimensões: 21cm x 29,7cm.
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