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A obra "Lakini", executada magistralmente com giz sobre papel, transcende a mera representação de uma figura para se estabelecer como uma poderosa evocação da essência masculina e de sua força primordial. É um testemunho vibrante da potência do desenho gestual e da técnica do giz, transformando um estudo que poderia ser apenas anatômico em uma declaração artística de profunda ressonância. Impregnada de calor e intimidade, a peça convida o observador a uma contemplação das formas e da emoção sugerida, revelando a maestria do artista em capturar o espírito através da matéria.

 

A escolha do giz sobre papel é, por si só, um elemento definidor da obra. Este meio confere a "Lakini" uma qualidade tátil e uma expressividade que dificilmente seriam alcançadas por outros materiais. As linhas são corajosas, sem hesitação, e carregam a urgência e a energia do momento da criação. O giz permite uma fusão suave entre as cores e o suporte, ao mesmo tempo em que preserva a textura granulada e a intensidade do traço, oferecendo uma materialidade rica que dialoga com a subjetividade da forma.

 

A paleta de cores é predominantemente quente e terrosa, dominada por ocres, laranjas e marrons avermelhados. Essa escolha cromática não apenas confere à figura uma sensualidade inerente e um calor orgânico, mas também cria um contraste sutil e harmonioso com o tom neutro do papel que atua como um pano de fundo que respira e complementa as cores aplicadas. A ausência de detalhes finos e a ênfase nas massas de cor e no contorno gestual contribuem para a vitalidade e a atemporalidade da peça, sublinhando a forma primordial em detrimento da individualidade.

 

O desenho da figura é o ponto central da composição. A pose, embora abstrata e sugestiva, transmite um senso de movimento contido ou de um instante capturado em sua transição. As linhas são fluidas e dinâmicas, definindo curvas e volumes sem recorrer à perfeição anatômica, mas sim à essência da forma humana. A figura, com as extremidades estendidas e contraídas, cria uma dança visual de espaços positivos e negativos que sugere a complexidade do corpo e da alma. A luz parece incidir de forma a realçar as protuberâncias e concavidades, conferindo um senso de tridimensionalidade e profundidade através de uma economia notável de meios.

Lakini

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